Por que as pessoas continuam sendo a chave do sucesso
Por: Felix Bischoff
Embora sejamos confrontados com um número crescente de previsões todos os dias, variando de simples “o que aprenderemos da crise” a visões mais ficcionais do futuro, na maioria dos casos é muito cedo para dizer o que terá mudado assim que esta tempestade acabar. No entanto, a presença crescente de tais perspectivas no futuro é um bom sinal, pois nos lembra a finitude deste capítulo sombrio. De fato, as últimas notícias da Ásia estão aumentando a esperança: as capacidades de produção estão se recuperando aos poucos, os “Lockdowns” estão sendo liberados e as crianças estão indo para a escola novamente. De leste a oeste, uma onda semelhante que desencadeou a crise agora poderia trazer alívio. Resta ver se isso nos levará permanentemente de “volta ao normal”. Uma coisa é certa – os desdobramentos econômicos, políticos, sociais e ecológicos do ano de 2020 irão aparecer gradativamente.
Com o artigo a seguir, no entanto, gostaríamos de compartilhar nossa visão de como a crise poderia afetar o mercado global de talentos. Porém, para esse fim, não levantamos a hipótese do que poderia mudar, mas compartilhamos o que pensamos que permanecerá o mesmo.
Em tempos de crise, as empresas precisam saber o que fazer e ter funcionários que tomam medidas corajosas
Grande parte do impacto econômico atual é atribuído à fragilidade das cadeias de suprimentos globais, cuja vulnerabilidade foi demonstrada durante a guerra comercial EUA-China. A pandemia está agora mostrando ainda mais brutalmente que a produção global também é vulnerável. Agora, com a maioria da manufatura global em stand-by, fronteiras fechadas e sem viagens internacionais, há previsões de que a integração das cadeias de suprimentos globais – construídas ao longo de décadas – possa ser reduzida ou até interrompida. Dado o impacto da crise, isso parece plausível. No entanto, se você der uma olhada mais de perto no tópico, esse cenário parecerá pouco realista. Felizmente, o que está atualmente no “stand by” pode também pode ser reativado. Instalações de produção estão disponíveis, processos estão estabelecidos e as pessoas treinadas. O ditado popular alemão “Rolle ruckwarts” (voltar atrás) implicaria em investimentos desproporcionais que levariam a custos mais altos (e, portanto, preços mais altos para o usuário final) que ninguém – especialmente depois de uma crise – estaria preparado para suportar.
No entanto, o sistema atual mostrou que não é “imune” a esse evento. Portanto, dois elementos se tornarão ainda mais um foco para os gerentes corporativos no futuro – os chamados “Planos de Continuidade dos Negócios (PCNs)” e a seleção dos líderes certos.
Ter
um PCN atual e facilmente implementável para a organização tem sido uma tarefa
hipotética, se é que existe. Mas a questão do que fazer em caso de
escassez de suprimentos, desastres naturais, ataques externos ou, sim,
pandemias, precisa ser considerada regularmente e a resposta deve ser ajustada
em conformidade. Pelo menos em teoria, as empresas precisam saber como
evacuar funcionários, realocar equipes, garantir a produção e assim (em parte)
permitir que os negócios sejam mantidos. Do lado financeiro, isso também
inclui “colchões” de liquidez para garantir espaço de manobra, mesmo em crises
que duram mais do que o esperado.
Durante uma crise, as organizações centralizadoras de modelo
top-down – especialmente quando abrangem mais de um país – mostram suas
fraquezas. Na ausência de diretrizes claras da sede, as habilidades de
liderança em nível local tornam-se a moeda que importa. Internacionalmente,
isso requer principalmente as pessoas certas no local. Além da busca de
executivos que tenham tanto a motivação quanto a experiência necessária para
expandir a empresa longe de casa, isso também está associado à disposição de
assumir novas responsabilidades e à “proteção contra incêndio” em
tempos de crise. Se a conexão com a matriz é (temporariamente)
interrompida e os cenários anteriormente impensáveis se tornam realidade, é
essencial ter funcionários que mantêm as coisas funcionando, mesmo ou especialmente
se isso exigir decisões independentes e corajosas. Agora – e mais ainda do
que nos tempos “normais” – uma profunda familiaridade com o mercado local
e sua cultura, bem como saber com quem pode contar em caso de dificuldades fará
a diferença. Essa independência não apenas economiza tempo e recursos
valiosos, mas também permite a diversificação – tanto em mercados com cenários
negativos quanto positivos. Agora que os primeiros sinais de melhoria na
Ásia podem ser vistos no horizonte, empresas organizadas internacionalmente
podem se beneficiar de suas unidades lá (tanto no lado da produção quanto das
vendas) e assim mitigar os efeitos atuais na Europa e nos EUA.
Com menos visitas in loco, a seleção de líderes locais se torna ainda mais importante
Com uma participação de cerca de 10% do PIB global (2018, Conselho Mundial de Viagens e Turismo), o setor de turismo e viagens é um importante pilar econômico. O ritmo em que isso se expandiu nas últimas décadas pode ser descrito como de tirar o fôlego no melhor sentido. Resta saber se veremos tantos navios de cruzeiro em Veneza e voos da Ryanair por € 4,99 como antes após a crise do Corona Vírus. Mas o desejo das pessoas e a necessidade de viajar – tanto à negócios quanto pessoal – permanecerão.
No nível profissional, no entanto, a crise nos mostra que o “trabalho remoto” funciona. Que você não precisa gastar meio dia em um avião para uma única reunião. Essa presença física nem sempre é necessária. Que serviços como Skype for Business, Zoom ou MS Teams podem preencher a lacuna. Acima de tudo, as empresas agora estão se conscientizando do que pode ser economizado. Em todo o mundo, as despesas de viagem foram (quase) completamente interrompidas – um aspecto que não ocorreu em nenhuma outra crise global do passado. Uma descoberta presumida pode ser que a necessidade de viagens profissionais até agora tenha sido superestimada.
Novamente, a importância das equipes de liderança local entra em jogo. Quando as visitas da sede são reduzidas, o autogerenciamento, independência, assertividade e uma mentalidade empreendedora no local se tornam mais importantes. Isso também se aplica ao uso de ferramentas de comunicação virtual. A experiência local bem fundamentada e a mentalidade global, que não precisam ser constantemente alimentadas com milhas aéreas, completam esses perfis. Isso representa uma mudança significativa em comparação com o “modelo de delegação” clássico que gerações de expatriados moldaram. Então aqui também é crucial encontrar o talento certo.
Tudo o que aprendermos com essa crise, ressalta a importância do elemento mais valioso universalmente quando se trata de sucesso nos negócios – tanto em casa quanto em mercados distantes: seus funcionários.
* Esse texto foi publicado originalmente no Blog da Kienbaum Alemanha
Excelente reflexão, pessoas motivadas e ouvidas, são sempre a chave do sucesso em uma organização, e nós, líderes, temos sempre que apoiá-los!
Com certeza, Gustavo! Obrigada pelo comentário, ficamos felizes em saber que o conteúdo lhe agradou!
Vejo alguns lideres apostando nas pessoas e outros se direcionando para IA como estratégia competitiva (robôs não precisam de feedback).
Tenho a impressão de quem sempre foi focado em controle, processos e autoridade não vai mudar por causa da pandemia. É uma questão cultural.
Por outro lado, em algumas empresas o RH está muito estratégico. Fico na torcida que esta situação permaneça depois que passar esta crise e que finalmente possamos ver as pessoas no centro, e não os produtos ou as ferramentas tecnológicas.
Vladimir, toda crise traz consigo oportunidades e com a pandemia do covid-19, o RH assumiu um protagonismo inédito nas empresas! Isso veio para ficar e precisamos apoiar o RH para sustentar as mudanças pós pandemia!